Loba


Toda fêmea tem uma loba na alma disfarçada num corpo de mulher,
que sedenta deixa o desassossego reinar em delírios perpétuos.
Não consegue entender o amor que existe em seu mar,
onde correntezas da maré trazem, nas ondas,
paixões que desenham imagens na areia de sua praia,
…procurando o amor.
Semeia devaneios maiores no silêncio da noite,
deleitando-se nos sons do mar,
nas emoções na espuma que beija a areia,
desnudando a mulher na sombra da lua…
convidando ao amor… antes mesmo de este chegar.
O luar lhe desafia, com seu olhar, deixando a loba livre para amar,
levando-lhe à loucura infinda. E a lua cúmplice faz a loba surgir…
livre… bela… percorrendo a praia da mulher,
farejando seu amante, vivendo por quem a quer plena.
A loba domina a mulher, desenhando na paisagem em sua praia
de prazeres…uivando seu desejo… reinando soberana,
acolhendo o amante no leito do amor.
Mas mesmo assim o olhar da mulher vislumbra o horizonte.
E loba reina plena, até os primeiros raios do alvorecer,
retornando ao repouso na alma da mulher,
para deixá-la lutar por sua prole… sendo a fortaleza e o abrigo,
a sobrevivência no cotidiano da vida, uma eterna combatente!
Por isso friso que o mundo não é maior que o olhar de uma mulher.
Seus olhos vislumbram a esperança do pão… a sabedoria do repartir…
a dor social… a recusa à dignidade….
Por isso a mulher necessita da loba que habita sua alma…
para não deixá-la esquecer que, além de guerreira, é também fêmea!

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