ENTRE PARÊNTESES


De gatas   e sorris  
Candura posta entre parênteses  
Para onde foste nessa hora / quando te chamei
Puta 
E investi desvairado como um cão?  

A candura entre parênteses  
                                      De gatas  
                                                 E sorriste.  

Onde ficaste nessa hora?

Tradução




Meu amor não se professa em palavras
Mas se traduz - sem limitar - 
Na língua da carne


No beijo lascivo
Nas mãos sôfregas
Instinto 


No querer da pele
- Animal -
Nua em pêlo


Racional
- Mas não razoável -
Sem zelo


Sem medo ou apelo
Mercadoria da luxúria
Mercador do prazer


Meu amor se traduz 
Na santidade profana
Do desejo


GANCHINHO


Põe no cabelo um ganchinho
Destapa a orelha   deixa
Ver a curva do rosto até
Ao queixo   assim   de perfil
Fecha os olhos   inclina-te
Para trás   ligeiramente   como se
Quisesses arrancar-me um beijo   e não
Eu   em desvario   to cobiçasse.

4-I-2011

Onde Mora o Segredo


Desnudei tua pele
Desvesti tua perna,
Com o tesão que impele
Meu esputo à tua caverna;

Transmutei teus membros
Numa dança erótica,
Quantos mais setembros
Ver-nos-ão sob invertida ótica?

Esse meu gozar - quão demente
Que ao te procurar
Segreda o que deveras mente;

Esse meu gozar - quão desvairado
Que ao te encontrar
Fenece em tua fissura, apaixonado.



Thuan Carvalho.

Tecido a vapor






















Ah, artesão
O tesão
Tece       
O tema

Da tela
Em toda
Exposição



Fotografia: Jan Saudek

Quarto em Si Maior



Olhos nos olhos dos seios
Boca comprime-se, morna
Ao mínimo toque nos meios
Seu lânguido líquido entorna;

Coberta de pele e paixão
Se enrosca, se espreme, faz doce
E longe me aumenta o tesão
Qual vil distração isso fosse;

Mas q'ouro, bronze ou prata
Revestem a bela gata
Que geme mas não mia?

Ao cansar-se de correr
Chove em mim seu bel-prazer
E em si me silencia.




Thuan Carvalho.

DÁDIVA


Levou-lhe a chávena
À boca   uma dádiva
Assim parecia.

Depois de lhe provar
O mel  outra coisa
Já não queria.

Não era para ser como foi   vestido
Acima   de bruços sobre um 
Balcão qualquer.

De mulher nem o nome te sei
Ou o rosto fixei fora uns olhos
Escuros e quase cerrados como
A boca dizendo em segredo:
Havia de ser ali e já.

Não sei quem és
Não sei o que és
Sei que ficaste assim:
Um sorriso vago  
E despojos de mim.

16-VI-2012




Meu puto


ele é meu  puto
de barba cerrada
olhar sensual
que me tira do sério
e na hora do sexo
me puxa o cabelo
me vira do avesso
e  se enfurece
se eu resisto
e  não obedeço
me manda embora
e mesmo contrariado
explode em gozo
na minha boca
e  fica puto
se eu reajo
e sujo o
lençol de porra
                                            Celamar Maione

Pintura do Prazer


Na tela do teu corpo
Minha língua desenha
O retrato do desejo

A aquarela nos meus lábios
Guarda mil tons de luxúria

E assim, com matizes de volúpia
Te desnudo obra de arte.


Visite o Blog Onde a Arte se asila


REVELAR

Jan Saudek, Sem título, 2003.


Há uma lua entremeada
na palavra vulva:
céu trazido próximo
por elipse.
Vês quando cessa
o eclipse?

Round


 Teu corpo  é a lâmina
que me retalha o sexo
entre um gozo e outro
gemo trêmula de tesão
arrebatada e pronta para
mais um round de amor
                                                    

                                                               Celamar Maione

Um canto à parte...


(foto:arquivo impessoal)


como um canto
desbocado
de bocage

como um canto
que a boca age

como um canto
que arde
ao chamar
o membro

ai, como a arte
do encaixe
canto o desejo  
(tanto)
a seu tempo!




Extasiado

                                                                      Desejo
                                                                  que venhas logo
                                                             tesudo e  arrebatador
                                                             para me arrepiar a pele                                                                
                                                            ensandecer meu corpo
                                                             e adormecer extasiado 
                                                         entre as minhas pernas bambas
                                                                depois de tanto amor
                                                               
                                                             Celamar Maione
                                                                   

                                                               
                           

SABOR NATURAL

Foto de Pavel Kiselev

Sugo-te a língua,
Um inesperado sabor...
Talvez ela esteja embebida
Em essência de amor.


(Marcantonio)


REVERBERA

Edward Weston, Nude, 1936


Depuração
física subcutânea:
és tão permeável!
A saliva que instilo
na tua nuca,
logo decanta-se
viscosa
entre tuas coxas.


(Marcantonio)

Erosmetria

Man Ray, La Priére, 1930


Entre teus dois pontos
sensíveis,
B e C,
expostos na curva
lúbrica,
o menor caminho
faço ereto.



(Marcantonio)

Prazer invulgar



Na literatura dos sentidos
Percorro as tuas linhas
Acaricio teus versos

Cada silaba sorvida serena
- sensual cadência -
Toda estrofe palmeada com zelo

Com a calma dos amantes maduros
- Senhores seguros -
Desnudo tua alma pelas letras

Possuo-te além da matéria
Em comunhão etérea
Derramo-me em ti